Pontos-chaves para manutenção preventiva eficiente
Manter subestações de média tensão disponíveis não é apenas evitar “pane e multa”: é proteger receita, segurança e margem. Em determinadas regiões, calor, poeira e, no litoral, maresia aceleram corrosão, elevam temperatura de operação e encurtam a vida de isolação.
O que pouca gente aborda é que grande parte das perdas de produção não vem de “apagões longos”, mas de distúrbios curtos e repetitivos — afundamentos de tensão (sags) e interrupções momentâneas — que derrubam CLP’s, inversores e processos sensíveis.
Neste artigo, exploramos a essência da manutenção preventiva, destacando perspectivas raramente abordadas, formas de execuções sem paradas de produção e o que é essencial avaliar para otimização dos recursos.
1. O Que os Dados Já Mostraram e Por Que Isso Muda Suas Prioridades
Homem insatisfeito durante interrupção de energia.
Antes de tudo, é importante destacar que a maior parte dos distúrbios que interrompem processos sensíveis são afundamentos de tensão e interrupções curtas — tipicamente 80% dos casos — não os “apagões longos” que todos temem. Desse modo, a priorização muda.
Por exemplo, estudos da EPRI mostram que um ponto monitorado registra cerca de 1,18 eventos por ano com tensão entre 85-90% e 0,38 interrupções curtas por ano. Logo, a mitigação efetiva vem de coordenação de proteção e gestão de qualidade de energia, não apenas de redundância mecânica.
Além disso, em transformadores, a vida do isolamento se reduz aproximadamente à metade a cada elevação sustentada de 10°C na temperatura de enrolamento. Em outras palavras, a sobrecarga térmica crônica encurta anos de vida útil sem “gritar” nos alarmes, seguindo o modelo Arrhenius do IEEE C57.91.
No clima nordestino, com poeira agrícola, calor intenso, umidade sazonal e alta incidência de raios, o estresse sobre isolação, para-raios e malhas de aterramento se intensifica. Consequentemente, medir apenas na estação seca não é suficiente — é preciso acompanhar as duas estações para ter segurança real.
2. Os Pontos Cegos Pouco Abordados e Que Pesam nas Despesas
2.1. Sistema DC: A Falha Oculta Clássica
O sistema DC que alimenta os relés é um ponto único de falha crítico. Com efeito, ripple excessivo no retificador, células desalinhadas e bornes degradados criam a situação mais temida: o relé comanda, mas o disjuntor não abre.
Portanto, inspeção mensal, teste de capacidade anual e medição de impedância por célula reduzem esse risco em ordens de grandeza, conforme IEEE 450 e IEC 60896.
2.2. OLTC: Sinais Que Antecedem Arcos Internos
No comutador sob carga, o óleo do compartimento e a contagem real de manobras denunciam desgaste de contatos.
Assim, análises específicas de partículas e gases, combinadas com inspeções boroscópicas em janelas curtas, evitam arcos internos e longas indisponibilidades.
2.3. Buchas: O Envelhecimento Silencioso
Buchas envelhecem sem dar sinais óbvios. Por isso, a deriva de tan δ e capacitância versus linha de base costuma antecipar ruptura com meses de antecedência.
Em síntese, um ensaio anual bem feito vale mais do que “aparência boa”.
2.4. Descargas Parciais: De Intermitente a Catastrófico
Em painéis e terminações de cabos, descargas parciais evoluem até arco interno. Por isso, varreduras online por TEV/ultrassom/HFCT, combinadas com pressurização positiva do abrigo e controle por ponto de condensação do ar, cortam eventos intermitentes e rastreamento.
2.5. Qualidade de Energia: A Armadilha da Ressonância
A interação de inversor de frequência com bancos de capacitores pode criar ressonância e sobrecorrente. Dessa forma, tornam-se necessáias prevenções de qualidade de energia com analisadores classe A (IEC 61000-4-30) e, quando necessário, filtros sintonizados para estabilizarem o sistema.
3. Como Executar “Com o Trem em Movimento”
A boa notícia é que a maior parte dos diagnósticos não exige desligamento: termografia, ultrassom/TEV, descargas parciais, campanhas de qualidade de energia e supervisão ambiental do abrigo. Assim, você avança sem paralisar a produção.
Para o que requer janela de manutenção, organize por circuito, use caminhos alternativos quando aplicável e ataque primeiro as correções de alto impacto e baixo tempo: apertos críticos, recalibração de relés, equalização de baterias, vedação e filtros.
Desse modo, o risco diminui rapidamente.
4. Periodicidades Que Funcionam na Prática
Trabalhe por tendência, não por fotografias anuais. Em termos práticos:
- Trimestralmente: Termografia e ultrassom/TEV para painéis e barramentos. Além disso, registre tendências para comparação.
- Semestralmente: Prevenções com óleo (DGA, umidade e rigidez) em transformadores imersos; descargas parciais online em painéis e terminações. Igualmente, valide desvios versus linha de base.
- Anualmente: Testes de proteção e revisão de seletividade; teste de capacidade do banco de baterias; campanhas de aterramento em período seco e úmido. Por fim, consolide um relatório de tendências.
- Pós-eventos: Auditoria de SPDA após temporais significativos. Em seguida, reavalie a criticidade dos ativos afetados.
5. Indicadores Que Conectam Técnica e Finanças
Os indicadores que realmente importam para a diretoria são diretos e, sobretudo, conversam com o caixa:
- Energia não suprida interna (MWh/ano)
- Taxa de incidentes por 10 mil horas
- Trip rate e “falhas ocultas” detectadas em testes de proteção
- Saúde do transformador (tendências de CH4, C2H2 e CO na DGA)
- Conformidade PRODIST (THD, flicker) e fator de potência
- Tempo de reposição dos sobressalentes críticos
Em operações comparáveis, um programa disciplinado de preditiva aliado a reestudos de proteção reduz emergências na ordem de 30-60% em 6-12 meses, com payback frequentemente dentro do primeiro ano.
Em resumo, trata-se de retorno rápido e mensurável.
6. Considerações Específicas
No contexto regional, o abrigo precisa ser tratado como “processo”: controle por ponto de orvalho (não apenas temperatura), pressurização positiva e vedação consistente evitam condensação e ingressos que destroem isolação e contatos. Além do mais, sensores simples já elevam a confiabilidade.
Em áreas com maresia (litoral) ou pó agrícola (interior), a periodicidade de limpeza técnica deve seguir a severidade local, não um calendário genérico. Ademais, aterramento e SPDA devem ser medidos nas duas estações.
7. Conclusão
Falhas caras raramente são aleatórias. Pelo contrário, elas deixam rastro mensurável no sistema DC, no comutador de derivação sob carga, nas buchas, no aterramento, na proteção e no microambiente do abrigo.
Logo, trocar “checklist genérico” por tendência com critério, executar de forma cirúrgica e governar ajustes adequadamente são as alavancas que cortam emergências, evitam multas e alongam a vida dos ativos mais caros. Em última análise, isso protege sua margem.
A Regulus Energia ajuda profissionais a executarem programas de manutenção de subestações orientados por dados — combinando ensaios online, janelas curtas e governança técnica conforme normas técnicas nacioanais e internacionais — para reduzir desligamentos e preservar ativos sem paralisar a operação.
Se fizer sentido transformar este diagnóstico em um plano com linha de base e de indicadores, riscos e cronograma para sua planta, a Regulus Energia pode conduzir a avaliação e implementação.
Dessa maneira, você sai da urgência crônica e, enfim, consolida disponibilidade com previsibilidade.


